“Há muita gente descontente que precisa de um farol e o PSD Felgueiras saberá corresponder” — João Sousa, presidente da comissão política

Em entrevista ao SF, o novo presidente da comissão política do Partido Social Democrata (PSD/PPD) de Felgueiras, João Sousa, indicou que durante as campanhas para as eleições legislativas e europeias testemunhou “a satisfação das pessoas ao verem o partido no terreno” e que notou haver um aumento da insatisfação com a atual gestão camarária liderada pela coligação Sim Acredita/Partido Socialista (PS).

“Observamos que muitos se sentiam um pouco órfãos das bandeiras social-democratas e que demonstraram uma grande satisfação por ver o partido em movimento e no terreno”, salienta.
Por outro lado, destaca que também evidenciou “sentimentos críticos” quanto à atuação do atual executivo municipal liderado por Nuno Fonseca “com uma cadência que, até há algum tempo, não observávamos”.
João Sousa garante ter indicadores que apontam para a existência, em Felgueiras, de um eleitorado social-democrata “substancial e forte” que espera por uma gestão alternativa e eficaz por parte da Comissão Política do PSD e pela “crítica construtiva” relativamente ao atual poder autárquico.
Aponta, sobretudo, para os resultados das eleições legislativas de março, que o PSD ganhou em Felgueiras e mesmo para o sufrágio mais recente, das europeias, que apesar de sair em segundo lugar, foi vencedor nos principais centros urbanos, “praticamente metade do concelho”, frisa.
“Há muita gente descontente, que procura um farol. Julgo que esse farol será o PSD e que saberemos corresponder a esta necessidade de sentirem que existe uma alternativa, que há alguém que defenda as suas causas”.

Uma alternativa ao atual poder e defensor das causas dos felgueirenses

Sobre os planos da nova liderança social-democrata local, João Sousa destacou a organização e preparação das candidaturas às autárquicas de 2025, afirmando-se como uma alternativa, mas também se assumindo, enquanto
oposição, a defesa “das causas que reflitam as necessidades dos felgueirenses”, nomeadamente na promoção da construção de habitação a custos acessíveis, “o assunto mais importante e em causa, atualmente”.

Estamos preocupados porque vemos Felgueiras a trabalhar a habitação abaixo do ritmo dos concelhos vizinhos

O líder partidário recorda que, após entrar em funções, o governo central presidido por Luís Montenegro promoveu juntos dos municípios um projeto de apoio à construção de habitação a custos acessíveis, com fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Até à data, a Câmara de Felgueiras não indicou se associará à iniciativa. O silêncio sobre o tema preocupa os social-democratas que, em comunicado, instaram a autarquia a aproveitar “uma oportunidade única.
Presentemente, há condições para responder a uma das principais preocupações dos felgueirenses e, havendo esta oportunidade, a autarquia tem que a agarrar com unhas e dentes, com toda a força e toda a convicção”, explicou.
E questiona:
“O Município avançou com uma Estratégia Local de Habitação de 52,5 milhões de euros. Se em 2023 a Câmara apenas executou 1,52 por cento de 5,5 milhões de euros, como irá executar mais de 20 milhões no corrente ano?”
Enfatiza, ainda, que o município “não pode hesitar” na concretização do máximo possível de habitação, atendendo aos anseios da população, nomeadamente através da execução do seu plano local de habitação “e dos apoios do PRR em condições muito favoráveis e, provavelmente, irrepetíveis.”
Por outro lado, salientou a relevância da indústria local, especialmente o setor do calçado, e pediu um apoio mais efetivo da autarquia.
“A indústria do calçado, o grande empregador de Felgueiras, superou as sucessivas crises do setor por mérito próprio.
O município, que taxa fortemente os empresários e os munícipes, devia estar mais atento às necessidades das instituições. Apoiamos a captação de investimento, mas não podemos viver de costas voltadas para a nossa indústria.

Urge resolver os problemas da rede viária e do saneamento

Além de causas universalmente aceites, como a habitação, João Sousa aspira priorizar questões específicas que afetam os munícipes felgueirenses, nomeadamente o “saneamento insuficiente e estradas em más condições”.
Segundo João Sousa, o atual executivo negligenciou, até à data, intervenções significativas na rede viária do concelho e frisa que um empréstimo de oito milhões de euros recentemente contraído para resolver o problema será “uma gota de água” e “insuficiente para atender a todas as necessidades”, salientando que existem inúmeros exemplos que demonstram urgência em resolver os problemas.
“E não pode servir de desculpa ao atual executivo municipal o facto de alguns destes problemas virem do passado. De facto, vêm do passado, do tempo em que o PS governava os destinos do Município”.
O aumento da fatura ambiente (água, saneamento e resíduos) é outro ponto que o líder “laranja” concelhio destaca como uma das grandes preocupações da população, recordando que a câmara liderada pela coligação Sim Acredita tinha, por obrigação, implementar um serviço “economicamente equilibrado”, conforme as diretivas da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR).

O atual executivo sentiu que mexeu na carteira dos felgueirenses e, agora, tenta combater e amenizar a revolta das pessoas

“Coube ao atual executivo, após iniciar a sua governação, aplicar estas faturas. Havia a necessidade de cumprir as regras do ERSAR e o atual executivo andou mais de seis anos a preparar o envio da fatura”, afirma, acrescentado a presidência da Câmara de Felgueiras tenta, com o anúncio recente de um vasto conjunto de medidas, “contrabalançar o aumento substancial dos preços da água e saneamento”.
“Se estivermos atentos, nos últimos dois meses foram mais os anúncios dos projetos e das intenções anunciadas do que, eventualmente, nos últimos três anos. O atual executivo sentiu que mexeu na carteira dos felgueirenses e, agora, tenta combater e amenizar a revolta das pessoas, em particular dos comerciantes, profissionais liberais e empresários”.

Autárquicas 2025: Um PSD Felgueiras “sólido e coeso” representante das diferentes sensibilidades

Depois de um resultado penalizador nas autárquicas de 2021, o PSD Felgueiras passou por momentos difíceis, assume João Sousa, acrescentando que tal como demonstrado na escolha da sua equipa, uma das prioridades da atual comissão política será a de “unir as diferentes sensibilidades” para construir uma alternativa sólida ao atual poder autárquico.
Antes de prosseguir, contudo, faz questão de salientar “o mérito e a coragem” do cabeça de lista social-democrata de 2021, o antigo presidente da Junta de Airães, Vítor Vasconcelos, em assumir na altura aquela candidatura à Câmara “em circunstâncias muito difíceis”. Destacou, também, o trabalho dos subsequentes dirigentes da comissão política, que “certamente, terão feito o melhor possível” na liderança do PSD Felgueiras.

Integram a atual Comissão Política social-democrata os três últimos presidentes do PSD Felgueiras, a quem se juntam a novos rostos de diversos elementos e, em particular, os vice-presidentes Marta Rocha e João Lourenço.
Para o atual mandato, e com os olhos nas eleições autárquicas de 2025, esta nova equipa foca-se em organizar o partido, aproximá-lo das pessoas, recuperar o eleitorado e atrair novos eleitores com “ideias modernas e esperança para o futuro”, sublinha João Sousa.
“Juntamos o máximo de pessoas e de sensibilidades, nos atuais órgãos partidários, mas ainda há trabalho a fazer.

Estamos convencidos, por exemplo, que há muitos jovens que precisam de um farol que os ilumine e que lhes demonstre, sobretudo, que é possível ter uma vida no concelho de Felgueiras

Acima de tudo, pretendemos organizar, estruturar e organizar o PSD Felgueiras, indo ao encontro das preocupações das pessoas assim como das instituições para conseguirmos, em primeiro lugar recuperar muito do nosso eleitorado e, em segundo, conquistar mais eleitores com ideias novas, modernas, de acordo com aquilo que são as suas expectativas”. E acrescenta:
“Estamos convencidos, por exemplo, que há muitos jovens que precisam de um farol que os ilumine e que lhes demonstre, sobretudo, que é possível ter uma vida no concelho de Felgueiras e que não precisam de partir à procura de novas oportunidades”.